Professores apontam os desafios no pós pandemia

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No mês que é comemorado o Dia do Professor, 15 de outubro, professores das escolas de tempo integral e da rede privada compartilharam os desafios para o “novo normal” por conta da pandemia da Covid-19.

Educação é um dos eixos estratégicos do ES em Ação e o movimento empresarial é um grande apoiador e difusor da metodologia de tempo integram no Espírito Santo. Por isso, faz questão de acompanhar e apoiar de perto esses profissionais.

Segundo a consultora Educacional do ES em Ação, Polliana Aroeira, muitas serão as dificuldades do processo de ensino e aprendizagem dos estudantes e a condução desses processos pelas equipes escolares no pós pandemia. Ela destaca os três principais e mais desafiadoras no momento:

  • As Tecnologias – chegaram de forma única com a pandemia, e continuarão fortalecendo o processo formativo das nossas crianças e jovens. O uso será mais uma ferramenta que auxiliará educadores e estudantes de forma a complementar as práticas, diversificando as aprendizagens e principalmente promovendo iniciativas inovadoras na Educação. As tecnologias irão conviver com as atividades presenciais, que são necessárias. Caminharemos para um forte convívio dessa junção, o modelo híbrido de Educação.
  • Estratégias para combater as desigualdades na aprendizagem – pensar em estratégias diferenciadas na Educação fará todo sentido neste cenário. Isso perpassa a transformação que a própria sociedade está atravessando. Precisaremos não só dar respostas para as demandas provenientes das defasagens, mas também preparar nossos educandos para as necessidades do futuro, para as novas competências do século XXI. Será necessário criar soluções para mitigar o dano causado ao processo educacional, diminuir os impactos e organizar um sistema de recuperação das aprendizagens.
  • Gestão e Formação das Equipes Escolares o aperfeiçoamento das competências das equipes escolares seja digital/tecnológica, pedagógica, e emocional serão fundamentais para o desenvolvimento profissional, o aprimoramento das práticas, e a compartilhamento dos saberes. O professor não terá mais aquele papel de transmissor e detentor de conhecimento. O estudante será o centro, e acreditamos que o estudante é a centralidade, construindo conhecimento e aprender fazendo (“mão na massa”), sendo propositivo, analítico e solucionando as questões que permeiam seu entorno. Os espaços de aprendizagem nas escolas deverão ser mais lúdicos, promover experiências práticas dos conteúdos que serão trabalhados em salas de aula e outros ambientes, potencializar os saberes e contribuir para a formação integral dos estudantes.
Polliana Aroeira

Polliana acrescenta: “Podemos considerar que teremos um novo modelo de educação, ou pelo menos deveremos caminhar para isso no pós-pandemia. Será desafiador e paradigmático, mas só avançaremos de forma coletiva, trabalhando em conjunto, poder público, órgãos educacionais e a sociedade civil organizada.”

Desafios do Ensino Híbrido

Apaixonada pela educação desde 2010, Kelly Pereira, professora de alfabetização da escola Professor Florisbelo Neves, acredita que faz a diferença na vida dos seus estudantes por meio da educação. Foi a partir do ano de 2019, que ela teve a oportunidade de conhecer o Programa da Escola de Tempo Integral, onde atuou como professora de referência na turma do 2º ano, no município de Cachoeiro de Itapemirim.

Professora Kelly

“No ano de 2020 fomos surpreendidos pela pandemia e infelizmente não pudemos atuar como gostaríamos, devido toda a situação em que o mundo se encontrava. Nosso ensino foi a distância, onde nossos estudantes não tiveram o calor do contato com a escola, mas não deixamos de realizar nosso trabalho da melhor forma que conseguimos. Iniciamos o ano de 2021 com um desafio maior ainda, o ensino híbrido, e estamos tendo que nos reinventar a cada dia. Dar atenção aqueles estudantes que estão em casa, aqueles que estão na escola e ainda ter um carinho muito especial com a família, sendo parceiros a todo momento”, disse a professora de alfabetização.

De acordo com Kelly, outro desafio encontrado foi a prática de sala de aula inovadora, capaz de ir além dos limites da técnica para alcançar a aprendizagem dos estudantes e promover “um ser ético, crítico, reflexivo, transformador e humanizado”, como ela define.

Retorno às aulas

Professora Elisangela

Para a professora Elisangela Lins, os maiores desafios sentidos foram as questões do retorno às aulas e das famílias para deixarem os alunos irem para a escola. Elisangela á da EMEBTI professor Athayr Cagnin.

“Eu sou muito de fazer vídeos do que está acontecendo, vídeos explicando as atividades. Nós precisamos passar segurança para os pais, é importante”, informou Lins.

Segundo ela, outro desafio encontrado foi a alfabetização com alunos do segundo ano do ensino fundamental. Diversas adaptações foram necessárias, até a utilização de jogos lúdicos foram confeccionados juntos aos alunos para auxiliarem na compreensão das crianças.

Ensino superior

Professor Paulo Victor

Se para alunos e professores da rede de ensino infantil foi um período desafiador, para a rede de ensino superior não foi diferente. De acordo com o coordenador de graduação da Fucape Business School, uma das instituições mantenedoras do ES em Ação, Paulo Victor Novaes, ainda vai demorar para encontrar a solução para os efeitos da pandemia sobre a atividade de ensino.

Segundo ele, por um lado, a corrida para o digital pareceu algo extraordinário que permitiu a manutenção das atividades ensino durante a pandemia. Por outro, ficou a constatação da redução no desempenho médio dos alunos, tendo em vista que eles não escolheram o ensino remoto, foram obrigados.

“Assim como o vírus, os efeitos foram sentidos de maneira diferente, a depender do nível de ensino (básico, médio ou superior) e mais ainda se compararmos a rede pública com a rede privada. Essas diferenças serão sentidas nas próximas gerações e provocarão ainda mais disparidade entre os grupos”, ponderou o Novaes.

Novaes começou a pandemia como professor de pós-graduação e aluno de doutorado na UFMG. Após uma rápida pausa, cursou disciplinas telepresenciais e ministrou algumas em instituições privadas. Há pouco mais de 6 meses, no entanto, tem vivido a experiência de coordenador de graduação. Isso o permitiu viver diferentes realidades.

“Nesse período todo, professores correram pra se capacitar e conhecer dezenas de ferramentas de interação, mas não se pode confundir o papel de ensinar com o de entreter. É nesse desencontro de expectativas que está o problema. Na visão do aluno, ‘o video-game é mais atrativo’, ‘conteúdo se encontra no youtube’. Contudo, o processo de ensino-aprendizagem pressupõe entrega, pressupõe imersão. A superficialidade a que o modelo remoto foi reduzido joga contra o ensino. Ensinar não é expor conteúdo. É um cozimento lento”, alertou Paulo Victor.