O Plano ES 500 Anos marca a terceira etapa de um processo contínuo de planejamento estratégico de longo prazo para o Espírito Santo. Há cerca de 25 anos (ou seja, 2002), o estado vivia um cenário de corrupção, instabilidade política, institucional e crise fiscal — condições que provocaram uma ampla mobilização da sociedade civil, lideranças religiosas e lideranças empresariais em busca de mudanças estruturais, sobretudo no campo da política e das instituições. Assim nasceu o movimento ES em Ação, que, em parceria com o governo do estado, produziu o Plano de Desenvolvimento ES 2025, no ano de 2005, e que serviu de mapa de navegação, tendo como foco inicial diretrizes de qualificação e fortalecimento das instituições, melhoria do ambiente de negócios, estímulo à participação da sociedade e eficiência na gestão pública — tudo isso numa perspectiva de visão de longo prazo de desenvolvimento.
Em 2013, esse plano passou por uma atualização e foi rebatizado como Plano 2030, incorporando novos desafios e perspectivas. Agora, o ES 500 Anos representa a evolução dessa trajetória, refletindo as transformações aceleradas do mundo contemporâneo. O novo ciclo amplia o foco para questões como a adoção de tecnologias emergentes, metodologias inovadoras e, principalmente, a capacidade de resposta às demandas concretas da sociedade capixaba.
Para o economista Orlando Caliman, cada versão do plano registrou avanços significativos, tanto pela experiência acumulada quanto pela capacidade de leitura contextual de cada momento histórico. “Em cada um deles — ES2025, ES2030 e agora o ES 500 — é possível identificar desafios e visões de futuro que revelam nossa habilidade de avaliar o presente e projetar o amanhã. Aprendemos muito com os ciclos anteriores”, observa. Ele destaca que o ES 500 Anos se baseia no legado construído, mas dá ainda mais ênfase às tendências transformadoras, como a digitalização da economia, os impactos das mudanças climáticas e as reconfigurações geopolíticas e geoeconômicas. “Neste novo ciclo, o peso do futuro se impõe de maneira ainda mais forte do que o do passado. Mas o legado do ato de planejar, por si só, já tem um valor enorme”, afirma.
Entre os principais desafios apontados por Caliman estão a educação e a manutenção da estabilidade institucional, fiscal e política. “Mais do que no passado, a educação — e uma educação para o novo mundo do trabalho — torna-se condição fundamental para se avançar em diversificação, sofisticação e complexidade da economia. Não há como o Espírito Santo se transformar em POLO de COMPETÊNCIAS — uma das missões do ES 500 Anos — sem avanços na educação. Outro desafio diz respeito à manutenção da estabilidade política, fiscal e institucional. Ou seja, não permitir retrocessos que possam comprometer a trajetória de sucessos nos últimos 20 anos”, finaliza.
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Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência.